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Dia do Rock Goytacá abandona as origens e o legado de Luiz Ribeiro

O Dia do Rock Goitacá, comemorado todo 6 de maio em Campos, nasceu com um propósito claro: valorizar os artistas locais e celebrar a produção autoral de uma cena musical rica, contestadora e com identidade própria. A data foi escolhida em homenagem ao aniversário de Luizz Ribeiro, guitarrista da lendária Avyadores do Brazil, primeira banda de rock da cidade e símbolo da resistência cultural campista.

No entanto, ao longo dos últimos anos, o evento — que deveria ser um espaço de visibilidade para a música independente local — tem se distanciado da sua razão de ser. Apesar de promovido pelo poder público, o Dia do Rock Goitacá parece cada vez mais esvaziado de significado. A predominância de covers e a falta de espaço para a música autoral de Campos escancaram a falta de compromisso com a proposta original.

A crítica mais recorrente, no entanto, é a burocracia para o ingresso das bandas no festival, além da não observância da lei que criou o Dia do Rock Goytacá e que rege também o evento como um todo. Ditando regras e normas, que segundo os músicos não estão sendo seguidas. “O que vemos hoje é uma pasteurização do evento. Chamam sempre as mesmas bandas, poucas tocam músicas autorias e quando tocam, corresponde a menos de 1/3 do repertório. A maioria prefere covers o que inibe a produção autoral. Isso não é o espírito do evento, e muito menos o espírito do Luizz”, declarou o músico e jornalista Cássio Peixoto.

Para muitos, a ideia do original do Dia do Rock Goitacá deveria ser mantida: um palco para a liberdade criativa, para o som autoral e para a memória dos que construíram essa cena com suor, amplificadores e atitude.

Foto: Arquivo pessoal João Pimentel